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Redimindo a Educação das Crianças

Foto do escritor: Zachary GarrisZachary Garris

Por Zachary Garris


Como pais cristãos devem educar seus filhos? Infelizmente, muitos pais pensam pouco sobre esta questão e, portanto, não desenvolveram uma teologia sólida sobre a educação. Eles assumem que todas as opções de ensino são legítimas e então escolhem a opção mais conveniente, geralmente a escola pública local. Duas coisas contribuem para essa mentalidade. Uma é a falsa dicotomia que separa o religioso do secular. A outra é a suposição de que a Bíblia não tem nada a dizer sobre onde e como educar nossos filhos.[1]


Princípios Bíblicos para a Educação

Ambos os problemas envolvem uma falha em entender como devemos interpretar as Escrituras. A Bíblia fala sobre tudo na vida. Às vezes, fala diretamente sobre um assunto, mas com mais frequência fornece princípios que devem ser aplicados às nossas circunstâncias modernas. No caso da educação, devemos examinar os princípios bíblicos e depois aplicá-los às nossas opções de educação moderna. Nosso primeiro local de destino deve ser Deuteronômio 6:4-9:


Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de toda a tua força. Estas palavras que, hoje, te ordeno estarão no teu coração; Tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e ao deitar-te, e ao levantar-te. Também as atarás como sinal na tua mão, e te serão por frontal entre os olhos. E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas.

Deuteronômio 6 é uma passagem fundamental para a educação do povo de Deus. Começa com a declaração de que somente Yahweh (“SENHOR”) é Deus, e segue com o mandamento de amar Yahweh com todo o nosso ser. Jesus chama isso de o Maior Mandamento (Mateus 22:37), embora Ele especifique que também devemos amar a Deus com toda a nossa mente. Este mandamento de amar a Deus com tudo o que temos fundamenta o mandamento de ter as palavras de Deus em nosso “coração” (v. 6). E ter as palavras de Deus em nossos corações deve nos levar a “ensinar” os mandamentos de Deus aos nossos filhos e torná-los parte de tudo o que fazemos (v. 7).


O capítulo 6 de Deuteronômio entende bem que a educação envolve a pessoa como um todo, não apenas o intelecto. Este ponto é esquecido por muitos educadores hoje. A educação é intelectual, mas seu objetivo principal é, na verdade, moral. Estamos treinando crianças para se tornarem homens e mulheres piedosos. Esta é uma das razões pelas quais a escolaridade não deve ser equiparada à educação. A escolaridade pode fornecer uma educação, mas às vezes não (como visto na tendência moderna de entender a escolaridade como um treinamento para o mercado de trabalho). A educação genuína é vitalícia e não pode ser limitada à salas de aula e diplomas. Não são apenas os professores que desempenham um papel na educação de uma pessoa, mas os pais, a família, os amigos, os pastores e os autores.


Redenção Através da Educação

Como seres morais, Deus nos projetou para amá-Lo e obedecê-Lo. No entanto, nos desviamos disso desde que Adão comeu da árvore proibida: do conhecimento do bem e do mal. Agora nascemos no estado decaído de nossos ancestrais. Mas Deus em Sua graça enviou Cristo para nos redimir por meio de Sua morte e ressurreição, e devemos colocar nossa confiança em Cristo e em Sua obra. Que Deus requer fé significa que há um componente educacional na redenção. Alguém tem que nos ensinar para que possamos crer e receber “a educação na justiça” que vem por meio da Palavra de Deus (2 Timóteo 3:16).


Deus é nosso professor (ou mestre) supremo a esse respeito. Isso pode ser visto no fato de que Jesus nos chama de Seus discípulos (que significa “aprendizes”) e que o salmista se volta para Deus em busca de instrução: “Ensina-me os teus decretos” (Salmo 119:26). Mas, embora o Senhor seja nosso mestre supremo, Ele escolhe trabalhar por meios humanos na educação de Seu povo. Deus sempre providenciou líderes religiosos na comunidade para ensinar Seu povo, os sacerdotes levíticos na antiga aliança (Neemias 8:9; 2 Crônicas 35:3) e pastores na nova aliança (1 Timóteo 3:2; Tito 1:9 ). Esses professores fornecem instrução cristã para os crentes durante toda a vida. Eles realizam a tarefa de discipulado “ensinando” aos cristãos tudo o que Jesus ordenou (Mateus 28:19-20).


No entanto, embora recebamos educação durante toda a vida, as crianças têm uma necessidade especial de educação. As crianças estão em seus anos mais formativos e estão se desenvolvendo intelectual, pessoal, moral e espiritualmente. Deus deu assim aos pais a tarefa especial de treinar e educar seus filhos. Essa responsabilidade está fundamentada na autoridade dos pais sobre os filhos, conforme visto no 5º mandamento de “Honra a teu pai e a tua mãe”. Quer reconheçam ou não, todos os pais educam seus filhos, seja para o bem ou para o mal. Alguns pais treinam seus filhos em uma cosmovisão antibíblica, ensinando-os a buscar falsos deuses (Jeremias 9:14). Mas o povo de Deus deve treinar seus filhos no caminho de Cristo.


Treinando Nossos Filhos

Isso nos leva de volta ao mandamento em Deuteronômio 6:4-9 de que as palavras de Deus devem fazer parte de tudo o que as famílias fazem. Em referência às palavras de Deus, os pais devem “inculcá-las” em seus filhos e “falar delas” seja sentando, andando, deitando ou acordando (Deuteronômio 6:7). Em outras palavras, Deus ordena aos pais que ensinem frequentemente a seus filhos a Palavra de Deus, envolvendo-a em todos os aspectos da vida. Os ensinamentos de Yahweh devem fazer parte regular da vida e ser transmitidos de geração em geração (Salmo 78:1-8). Os pais devem ensinar a Bíblia e a doutrina cristã a seus filhos, mas também devem fornecer-lhes instrução moral prática. Vemos um exemplo disso na instrução do rei a seu filho no livro de Provérbios. Esse treinamento deve levar a criança a se tornar um homem (ou uma mulher) honesto, respeitoso, trabalhador e fiel ao cônjuge.


O Novo Testamento reafirma as instruções de Deus aos pais. Em Efésios 6:4, o apóstolo Paulo ordena aos pais que criem seus filhos “na disciplina e na admoestação do Senhor”. Este mandamento é dado no contexto do 5º mandamento, que fornece a base para a autoridade dos pais sobre um filho (“Honra teu pai e tua mãe”). Assim como em Deuteronômio 6, a ordem de Paulo em Efésios não nos diz diretamente sobre onde educar nossos filhos. Não há exigência de limitar a educação ao lar, nem proibição de mandar os filhos para a escola.


No entanto, Efésios 6:4 ao menos nos dá um princípio de como devemos abordar essa questão – devemos dar aos nossos filhos uma educação cristã. Devemos criar nossos filhos na instrução do Senhor Jesus Cristo. Os pais podem levar seus filhos para uma escola, mas isso deve ser entendido como uma extensão de sua autoridade parental. Uma escola deve, portanto, ajudar os pais a treinar seus filhos no caminho de Cristo.


Fornecer às crianças uma educação cristã significa que elas devem aprender uma cosmovisão bíblica abrangente. Cada matéria deve ser ensinada a partir de uma perspectiva bíblica e em submissão ao Senhorio de Cristo - pois “leva[mos] cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2 Coríntios 10:5). Os alunos devem aprender assuntos religiosos, como Bíblia, teologia e história da igreja. Mas eles também devem aprender ciências, matemática, lógica, literatura, história, linguagem e arte – tudo sob uma perspectiva bíblica. Todas as matérias devem ter o Deus trino das Escrituras como fundamento, pois “o temor do Senhor é o princípio do saber” (Provérbios 1:7). Se quisermos ensinar às crianças conhecimento e sabedoria genuínos, devemos ensinar a partir de um fundamento cristão.


Qual é a alternativa para tal educação cristã? A alternativa é fornecer às crianças uma educação não-cristã ou “secular”, o que significa que as crianças são treinadas para raciocinar sem Deus. Muitos chamariam isso de educação “neutra”, mas é impossível ensinar muitos assuntos sem mostrar favoritismo a uma determinada visão religiosa/filosófica. Um professor de biologia logo revelará se Moisés ou Darwin é seu profeta. Um professor de história só consegue dizer pouco sobre a cristianização da Europa, a Reforma Protestante ou o Iluminismo antes de expressar sua aprovação ou consternação sobre cada movimento.


Além disso, ensinar às crianças que Deus é irrelevante para a história, ciência, matemática, lógica e arte está longe de ser “neutro”. Isso seria melhor descrito como educação ateísta.[2] É por isso que Martinho Lutero, o grande reformador alemão, disse o seguinte sobre as escolas seculares:


Mas eu não aconselharia ninguém a enviar seu filho para um lugar onde as Sagradas Escrituras não vêm em primeiro lugar. Toda instituição, onde a Palavra de Deus não é ensinada regularmente, fracassará. É por isso que observamos o tipo de pessoa que está e continuará a estar nas universidades... Receio muito que as universidades sejam apenas portões escancarados que conduzem ao inferno, pois não são diligentes em treinar e imprimir as Santas Escrituras nos jovens estudantes.[3]

A educação não-cristã remove o próprio fundamento da educação – a Palavra de Deus. E por esta razão, Lutero advertiu tão fortemente contra os cristãos que enviam seus filhos para instituições incrédulas.

 

[Esse texto foi extraído do livro "Pensando Biblicamente Sobre Educação" de Zachary Garris. Você pode adquirir o eBook clicando aqui.]


 

[1] Partes deste capítulo foram publicadas pela primeira vez em um artigo no site Desiring God: http://www.desiringgod.org/articles/together-in-the-school-of-christ [2] Gordon Clark, “A Christian Philosophy of Education”, The Trinity Review (maio/junho de 1988), p. 5: “O sistema escolar que ignora Deus, ensina seus alunos a ignorar Deus; e isso não é neutralidade. É a pior forma de antagonismo, pois julga Deus como não-importante e irrelevante nos assuntos humanos. Isso é ateísmo”. [3] Martinho Lutero, “An Appeal to the Ruling Class of German Nationality as to the Amelioration of the State of Christendom” em Martin Luther: Selections from His Writings, ed. John Dillenberger (Nova York: Anchor, 1962), p. 476.

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