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Os Relacionamentos na Vida Cristã

Foto do escritor: Dr. César Miranda dos SantosDr. César Miranda dos Santos

Por César Miranda dos Santos


Ao tratarmos deste assunto (relacionamentos) focaremos especialmente nas relações interpessoais de caráter sentimental ou amoroso e não do ponto de vista fraterno, filial ou paternal.


Devemos nos lembrar de que existem conceitos fortes e bem difundidos que vem sendo desenvolvidos ao longo dos anos pela sociedade, os quais representam ou traduzem o entendimento da humanidade em geral. Tais conceitos são transitórios, mutáveis e se moldam aos desejos e tendências do mundo ou do presente século.


Entretanto como cristãos nossos posicionamentos devem se fundamentar na Palavra e não em conceitos aceitos por nossa sociedade. Somos exortados de forma clara por Paulo: Romanos 12:2  E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.


Primeiros Registros


Gn 1:27-28a “. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; 


No capítulo 2, há um detalhamento:


Gn 2: 23-24 “E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.  Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”.


O relacionamento de marido e mulher bem como o ato sexual foram criados e determinados por Deus como uma BENÇÃO que culmina com um maravilhoso mistério de “os dois se tornarem uma só carne”. Devemos sempre ter tais realidades em mente a fim de não vulgarizarmos ou banalizarmos os relacionamentos interpessoais.

 

Sexualidade e Sensualidade

 

O Padrão de Deus: O padrão de relacionamento sexual estipulado por Deus, nosso Criador, é bem claro nos textos que estudamos em Gênesis.

De uma forma bem resumida definimos as invenções humanas de relações entre indivíduos do mesmo sexo, entre adultos e crianças ou humanos e animais como sendo pecado, pois contrariam explicitamente o padrão estipulado por Deus nosso Criador, a saber, homem e mulher.


Nossos Corpos: Nossos corpos são formados por moléculas, organelas, células, tecidos, órgãos e sistemas que interagem com o meio ambiente. Esta interação se dá por meio de recepção e emissão de estímulos os quais são transmitidos por impulsos elétricos/nervosos, bioquímicos e hormonais.


O Prazer: Nas diversas fases de nossas vidas somos estimulados de várias maneiras e respondemos a tais estímulos com sensações e reações sejam essas prazerosas ou não.


No período da infância e pré-adolescência os estímulos que nos proporcionam prazer se relacionam principalmente com alimentação e as brincadeiras.


Com o passar dos anos e as novas descargas hormonais, outros estímulos ganham terreno, como os esportes, desafios, descanso e o sexo.


O prazer sexual, estreitamente relacionado com a sensualidade, é desencadeado por diversos estímulos que não se restringem ao contato físico ou ao ato sexual em si. Os estímulos inalatórios (olfato), táteis, visuais e até mesmo sonoros, podem, em maior ou menor grau, desencadear ou potencializar o prazer sexual.

            Tal informação tem sido usada como arsenal de conquista e objeto de consumo explorado pelo comércio e pela mídia. Entretanto no nosso caso coloco tal realidade como advertência. Devemos atentar e cuidar para que os estímulos que recebemos ou enviamos não tenham um efeito impróprio.


Os Relacionamentos “oficiais” em nossa cultura:


Em nossa cultura, antes de se chegar ao casamento, existem duas etapas, a saber, o namoro e o noivado.


O namoro é um tanto preocupante, principalmente para nossos jovens.

Qual o propósito ou significado?


Na visão comum ou secular: Produzir prazer físico sem compromisso ou maiores responsabilidades. Sinceramente desafio os irmãos a se questionarem como a juventude tem encarado o namoro. Porém a Bíblia nos orienta que o prazer do contato físico, ou seja, sensual e sexual, é reservado para o relacionamento matrimonial.


O apóstolo Paulo, conhecendo nossos desejos físicos, foi taxativo:


1Co 7:8-9 “E aos solteiros e viúvos digo que lhes seria bom se permanecessem no estado em que também eu vivo. Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado”.


A orientação do celibato cabia no contexto da diáspora/ perseguição da Igreja e não é o caso do nosso contexto. Mas a advertência é ATUAL!


Infelizmente muitos namoros de hoje em dia servem para soprar o braseiro! Ainda que o casamento seja possível o casal só fica adiando e tirando “casquinhas”! Cuidado! Gl 5: 17 “Porque a carne milita contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne, porque são opostos entre si; para que não façais o que, porventura, seja do vosso querer. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais sob a lei. Ora, as obras da carne são conhecidas e são: prostituição, impureza, lascívia” - (Conduta vergonhosa, como sensualidade, imoralidade sexual, libertinagem ou luxúria).


Lembremo-nos do nosso corpo como sendo emissor e captador de estímulos. Paulo usa a analogia das brasas. Tem alguns estímulos associados a certas situações que literalmente nos abrasam e até mesmo “tacam” fogo!


As mulheres valorizam muito a observância das variações e novidades da moda, porém algumas roupas são tão provocantes em seu apelo sexual quanto é um carro de som para os ouvidos. Lembrando que em ambos os casos o estímulo não se restringe a “audição” do namorado ou maridão, mas sim da clientela em geral. Mulheres vistam-se modestamente!!!


Não é raro encontrarmos homens preocupados com o fato de que só pensam “naquilo”, ou seja, sexo. Quando vamos conversar com tais senhores descobrimos que se expõe com frequência a todo tipo de pornografia escrita, televisiva, cinematográfica ou pela internet. Devemos sempre estar vigilantes e atentos pois nosso corpo responde aos estímulos.


O noivado


Se caracterizaria por um período de tempo que antecede a data marcada para o casamento. Não vejo com muita preocupação os noivados do nosso meio cristão, porém na visão do mundo é encarado como um comunicado à sociedade do início do sexo antes do casamento. Para nós isso é inadmissível.


Casamentos na Bíblia 

Vejamos rapidamente


Nos relatos bíblicos em vários momentos registram-se o início da relação matrimonial. Mas é interessante observar que, na maioria dos casos, inicia-se o casamento sem nenhuma cerimônia religiosa ou festiva, mas sim com expressões: Conheceu Gên. 4:1  “Conheceu Adão a Eva, sua mulher; ela concebeu e, tendo dado à luz a Caim, disse: Alcancei do Senhor um varão”, Tomou   “Rute 4:13  Assim tomou Boaz a Rute, e ela lhe foi por mulher; ele a conheceu, e o Senhor permitiu a Rute conceber, e ela teve um filho”.  Esteve Gên. 29:23 Â tarde tomou a Léia, sua filha e a trouxe a Jacó, que esteve com ela.

Em outros textos já se usa a expressão noivo e noiva, mas em nenhum momento há intimidade dissociada da consumação do casamento.


A Bíblia não dá respaldo para o conceito de “treinamento antes do casamento” ou de experimentar para ver se vale a pena.

1Pe 2: 11 Amados, exorto-vos, como peregrinos e forasteiros que sois, a vos absterdes das paixões carnais, que fazem guerra contra a alma”.


Deveríamos estimular, ensinar e encorajar nossos jovens a se abster da intimidade física e não ficar experimentando relacionamentos ou “tentando controlar” a carne. Havendo o entendimento ou a percepção de que o tal relacionamento não é para valer, ou seja, não tem real objetivo de avançar para o matrimonio, não havendo planos reais ou condições reais para se pensar em casamento num horizonte próximo, que se termine ou não se inicie o namoro. Atenção à Horizonte PRÓXIMO à Nunca mais de 6 anos[1]!! Lembre-se “...é melhor casar do que viver abrasado”.


Objetivos dos relacionamentos cristãos pré-casamento


O namoro e o noivado devem servir apenas para confirmar a compatibilidade do casal para um casamento o mais breve possível. Devem ser avaliadas as seguintes áreas:


Espiritual: Ambos vivos? Maturidade? Objetivos, vocações e chamados. Ex: Ele quer ser missionário entre os índios e ela nem pensa em morar em cidades pequenas.


Social/Acadêmica/Motivacional: Objetivos, planos e desejos. Ex: ele trabalha manualmente (marceneiro) e está muito satisfeito com sua atual profissão, já ela sonha em ir para o exterior para continuar seus estudos, seu doutorado e quem sabe o pós doutorado.


Familiar: Ex: Ele quer muitos filhos e ela quer apenas um. Ou ainda...ambas as famílias são terminantemente contrárias ao relacionamento. Os pais abençoam o namoro?


É imprescindível que o período de namoro seja um período de intensivo diálogo, orações, meditação na Palavra, aconselhamento com os pais, presbíteros, senhoras mais velhas. Caso contrário o objetivo do namoro não é correto. O santo namoro é , no mínimo a três, ele, ela e o Senhor.


Aos casados


Como a maioria de nós já tem vivenciado o casamento e a vida conjugal vão muito além dos finais dos filmes com o noivo e a noiva trocando juras de amor. É vital, porém, entender que,  a luz das Escrituras, é possível usar a frase: “...e viveram felizes para sempre...”


Como vimos no início deste estudo o casamento é um laço sobrenatural e perpétuo pois homem e mulher “...se tornarão os dois uma só carne”.  É uma relação para toda a vida que deve ser cultivada e cuidada dia a dia.


Nossas ações e reações diárias vão determinar a saúde e direção de seu casamento. Aqui vão algumas breves passagens que serão de grande auxílio na vida diária do lar:


1Pe 3 .3 Não seja o adorno da esposa o que é exterior, como frisado de cabelos, adereços de ouro, aparato de vestuário; 4  seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranqüilo, que é de grande valor diante de Deus. 


É muito legal e agradável aos olhos do “maridão” uma esposa que se cuida e que se mantém bonita, porém o texto chama a atenção para o atrativo mais importante. É neste atrativo (espírito manso e tranqüilo, de grande valor diante de Deus) que as esposas mais deveriam investir em termos de tempo, recursos e energias.


A mansidão, longanimidade, paz e domínio próprio são partes do Fruto do Espírito, que deve ser cultivado e nutrido pela oração, meditação e estudo da Palavra. Você tem investido nesta área de sua vida? É verdade que a correria diária e a quantidade de responsabilidades em casa e fora de casa tornam o tempo apertado, mas cabe a você reorganizar seu tempo reservando algum para seu adorno espiritual.


É muito importante ressaltar que este adorno ou atrativo, ao contrário dos demais é INCORRUPTÍVEL, não se desgasta ou deteriora, mas vai se aprimorando com o passar dos anos e sua beleza aos olhos do amado crescerá mais e mais de forma maravilhosa.

Ef 5. 25  Maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela. 


Caros senhores, uma pergunta bem objetiva: o que os pecadores, que compõe a  Igreja, fizeram para merecer o amor de Jesus?   


Resposta: absolutamente NADA!


O chamado dos MARIDOS no relacionamento conjugal, tem um peso e uma responsabilidade tremendos e humanamente inviáveis: Amor INCONDICIONAL! Não importa se você é recebido com carinho e palavras gentis aos chegar em casa, não importa se seus esforços em dar uma ajuda nos afazeres domésticos são reconhecidos, não importa se nas discussões e reconciliações somente você reconhece o erro e pede perdão, não importa qualquer outra situação difícil que se lhe apresente. Sua função e responsabilidade é de amar sua esposa INCONDICIONALMENTE! O que é maravilhoso é que com este amor, orientado por Deus, gradativamente os problemas conjugais são minimizados e o amor marital só aumenta. Porém tal postura é totalmente não natural, vai totalmente contra a visão de nossa sociedade que está pronta a aconselhar uma separação diante de qualquer problema ou de “incompatibilidade”. Somente o Senhor nos capacitará para tal chamado, logo dobremos os joelhos diariamente em oração.


Para ambos


Salmos 127:4  Como flechas na mão do guerreiro, assim os filhos da mocidade


Atenção nossos filhos são flechas, o cônjuge não. Deus nos dá os filhos para que os preparemos, apontemos (dando direcionamento) e atiremos ou lancemos. A prioridade do marido deve ser a esposa e vice versa. Nossa sociedade perverteu esta orientação. “Meus filhos são a coisa mais importante para mim”. Devemos nos lembrar que nossos filhos nos deixarão um dia, mas nosso cônjuge estará conosco até a morte. 


Criem oportunidades para o namoro, não menosprezem a vida amorosa. Dêem atenção diferenciada, cuidadosa e especial as suas caras metades (aquele presentinho sem motivo, um café preparado para ela(e), a verbalização do amor, são atitudes simples que tem um grande valor.


Ef 4 . 26  Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.


Nunca deixemos um atrito ou desentendimento pendente para ser resolvido “amanhã”. O mais breve possível procuremos a reconciliação com o pedido de perdão por qualquer palavra dura dita, independentemente do outro nos pedir ou não perdão (principalmente maridos – exemplo de Cristo do amor incondicional). Reconciliar não é chegar ao veredicto de que estava com a razão, mas sim exercer o perdão que evidencia o amor cobrindo as transgressões.


Ef 4. 29  Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem. 


Se o que formos falar não tiver objetivo de edificar devemos fechar a boca. Nunca fale mal de seu marido e nunca fale mal de sua esposa (cuidado com as rodinhas de amigos).

Nunca desrespeite sua esposa e/ou seu marido. O termo “palavra torpe” no grego “sap-ros” - σαπρός  ( rota, corrompida, que não vale a pena, ruim ou maldosa) não se refere apenas aos palavrões mas sim toda palavra que não edifica (não vale a pena). Muitas vezes é vital se recompor e esfriar a cabeça antes de responder e nunca se prive de formular palavras agradáveis e elogiosas, ainda que pareça algo óbvio ou banal. Exercite sua capacidade de falar palavras de incentivo, agradecimento, reconhecimento e todas as que forem boas para edificação.


Que o Senhor nos abençoe e oriente nos nossos relacionamentos!


 

[1] Eu não gosto sequer do termo namoro. Mas é inquestionável a necessidade de um período em que o rapaz e a moça se conheçam, para saber dos interesses, disposições em conduzir (rapaz) e em ser submissa (moça), visões doutrinárias, condições de o rapaz sustentar a família (às vezes a moça deverá baixar o padrão econômico) e etc. Entretanto o contato físico, entre o rapaz e a moça, será exatamente igual ao contato físico entre os demais rapazes e moças da Igreja em geral, pois qualquer contato que objetive promoção de prazer, carícias, beijos e abraços, que não ocorram somente após o casamento, é pecado.


 

Todos os direitos reservados: César Miranda dos Santos, 2024.

Publicado com permissão.

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