Por Ray Comfort
Expressar força por meio da obediência à Grande Comissão também pode ser muito divertido. Eu criei o costume de levar meu cachorro, Sam, para passear de bicicleta comigo duas vezes por dia, ao longo de oito meses. As excursões diárias do cachorro na bicicleta começaram quando peguei Sam em meus braços depois de ele ter se cansado enquanto corria ao lado da bicicleta. Ele gostou tanto do passeio que construí um “assento” na bicicleta para ele. Então fiz algo que mudou minha vida. Comprei para ele um par de óculos de sol que combinava com o meu.
Na primeira vez que o levei para passear, as pessoas saíram de casa e tiraram fotos, motoristas buzinaram e estranhos acenavam, gritavam, sorriam e faziam o sinal de positivo. Daí em diante, pessoas desconhecidas se aproximavam de mim para conversar a respeito de Sam. De forma inesperada, essa se tornou uma maneira incrível de compartilhar o evangelho. Existe algo que parece sincero em um homem e um cachorro usando óculos escuros.
Todos os dias, uma vez pela manhã e outra à tarde, Sam e eu íamos testemunhar e filmar entrevistas. Então minha equipe de produção colocava o vídeo no YouTube. Quando anunciamos que postaríamos dois novos vídeos emocionantes todos os dias, nosso canal Living Waters explodiu, saltando para mais de 66 milhões de visualizações (e crescendo) até o final de 2018. Todos, incluindo Sam e eu, adoramos o evangelismo canino!
Logo após o Natal de 2018, Sam e eu estávamos andando de bicicleta por um caminho curvo que contornava o tribunal local. Estava conversando com ele enquanto descíamos para o outro lado. Não me preocupava que alguém pudesse me ouvir, porque provavelmente pensariam que estava falando ao telefone. Eu disse algo como “Sam, eu realmente amo isso” enquanto descíamos a colina com gramados verdes dos dois lados da rua. De repente, meu coração parou. Cerca de vinte metros à minha frente estava um policial, caminhando diretamente em nossa direção. Naquele exato segundo, meu olho captou uma placa com a informação: “Proibido andar de skate, proibido andar de bicicleta...”. Eu estava infringindo a lei e fui pego em flagrante — bem do lado de fora do tribunal. Ele olhou diretamente para mim, sorriu de orelha a orelha e disse: “Isso é muito descolado!”.
Dois dias depois, eu estava no parque à procura de pessoas para entrevistar. Enquanto andávamos de bicicleta na calçada, meu coração parou novamente. Um carro da polícia subiu a calçada e veio direto em minha direção. Pensei que seria intimado e me ordenariam a andar de bicicleta somente na rua. O policial no banco do motorista disse pela janela aberta: “Podemos tirar uma foto do seu cachorro?”.
Então o outro oficial disse: “Posso andar na sua bicicleta?”.
Eu respondi: “Se você me deixar filmar você filmando meu cachorro”. Fechamos o acordo, e filmei um dos policiais gravando seu amigo que andava de bicicleta com o Sam. Foi uma cena maravilhosa. Então os dois policiais começaram a me perguntar por que meu cachorro usava óculos escuros. Eu disse a eles que era para poder conhecer pessoas novas e conversar com elas sobre a vida após a morte para postar em nosso canal do YouTube. Eles começaram a me perguntar sobre a salvação. Os dois oficiais se consideravam boas pessoas, mas quando os conduzi pelos Dez Mandamentos, eles admitiram ter mentido, blasfemado e cobiçado mulheres. Negaram ter roubado qualquer coisa, algo compreensível no caso de policiais. Eu não os forcei nesse ponto, porque eles deveriam estar me questionando, não o contrário! Eles eram católicos romanos que não faziam ideia do motivo pelo qual Jesus morreu na cruz. Passei de 15 a 20 minutos examinando a lei e o evangelho com eles. Eles foram educados, humildes e se mostraram muito agradecidos, e cada um levou um CD da mensagem “Hell’s Best Kept Secret” [“O segredo mais bem guardado do inferno”], um vale-presente dos filmes, folhetos da nota de um milhão de dólares e uma cópia autografada de How to Battle Depression and Suicidal Thoughts [Como combater a depressão e os pensamentos suicidas] (republicado com o título, The Final Curtain [A última cortina]). Portanto, não me diga que a obediência nunca é divertida — você terá de se entender com um cachorro que usa óculos escuros.
Não pense que você não ficará nervoso quando estiver fazendo o possível para obedecer.
Sempre fico um pouco apreensivo quando me dirijo a um estranho para perguntar se ele gostaria de ser filmado em nosso canal do YouTube.
Uma vez, quando me aproximei de um carro estacionado, fiquei um pouco mais apreensivo que de costume, pois não conseguia ver o rosto do motorista.
Eu disse: “Olá, você gostaria de ser entrevistado para o nosso canal no YouTube?”. Quando ele olhou para cima, vi um rosto jovem bastante assustado e acrescentei: “Você tem mais de 18 anos?”. Quando ele respondeu com a negativa, eu lhe disse que a lei da Califórnia exigia que as pessoas tivessem mais de 18 anos para serem entrevistadas. Então eu disse: “Prazer em conhecê-lo” e fui embora na minha bicicleta.
De repente, senti uma preocupação avassaladora em relação à salvação dele. Se eu tivesse o amor de Deus em meu coração, não poderia ir embora. Dei meia-volta, e perguntei: “Como você se chama?”.
O jovem pareceu ainda mais assustado e perguntou: “Por quê?”.
Eu, brincando, disse a ele que “Por quê?” era um nome incomum. Então lhe perguntei o que ele achava que acontecia quando alguém morria. Ele pareceu um pouco desconfortável e afirmou não saber — seu pai era católico e sua mãe era parte das testemunhas de Jeová. Perguntei-lhe se isso o deixava confuso.
Pela primeira vez em nossa conversa, ele sorriu de leve. Essa foi a abertura para lhe explicar como o cristianismo bíblico é diferente.
Tanto as Testemunhas de Jeová quanto a Igreja Católica Romana ensinam a salvação mediante a realização de obras de justiça — isto é, esses grupos religiosos afirmarão ser salvos pela graça, mas também precisam fazer algo para merecer a vida eterna. O elemento que nos separa da noção de que a salvação possa ser merecida é a lei de Deus. Ela revela que somos culpados diante do Juiz moralmente perfeito, e qualquer coisa que oferecemos a ele é uma tentativa de suborná-Lo a fim de perverter a justiça. Então perguntei se ele se considerava uma boa pessoa e o questionei com relação a alguns dos Dez Mandamentos para lhe mostrar que nenhum de nós poderia merecer a vida eterna. Eu compartilhei a misericórdia de Deus em Cristo — o próprio Deus trilhou o caminho da salvação por meio da cruz.
O jovem “Por quê?” ficou muito grato e explicou o motivo de sua resposta seca quando lhe perguntei seu nome. Ele estava fumando maconha enquanto almoçava. De repente, apareci na janela do carro dele e ele imaginou que eu poderia ser um policial à paisana. Eu estava usando os óculos escuros semelhantes ao do padrão policial e lhe perguntei nome, idade e o que ele achava que acontecia quando alguém morre. Esse último elemento soou um pouco como uma ameaça.
Enquanto me afastava, este pensamento me ocorreu: todo cristão é um policial disfarçado.
Somos representantes de Deus e de sua lei, e essa lei é muito mais assustadora.
(O texto acima foi extraído do livro "Qualquer Um Menos Eu" de Ray Comfort. Você pode comprar o livro aqui.
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