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O Que é Vigilância Espiritual?

Foto do escritor: Brian HedgesBrian Hedges

Por Brian G. Hedges



Definindo a vigilância

O que é vigilância? Aqui está a definição de John Owen, dada em seu tratado Of Temptation (Tentação):

Um cuidado e diligência universal, exercitando-se em e por todos os meios prescritos por Deus, com respeito a: nossos corações e modos, as iscas e métodos de Satanás, as ocasiões e vantagens do pecado no mundo, para que não sejamos enredados.[1]

Essa definição recompensará uma investigação mais aprofundada. Você pode pensar que a compreendeu, mas não compreendeu. Como Sherlock Holmes diz a Watson: “Você vê, mas você não observa”.[2] Então, desacelere. Coloque seu chapéu de investigador, tire a poeira de sua lupa, e se prepare para o trabalho de detetive enquanto examinamos esta densa prosa puritana.


Cuidado: Ser vigilante é ter cuidado. O cuidado sugere atenção e alerta, cautela e preocupação. Vigiar é cuidar, prestar atenção e preocupar-se com certos aspectos de nossas vidas. O antônimo do cuidado é o descuido. A vigilância é o oposto de uma abordagem “deixe a vida me levar” com respeito a vida interior. Se você nunca sonda sua alma, examina seu comportamento, ou leva em conta seus pensamentos, palavras, motivos e ações, então você não é vigilante.


Diligência: Vigiar não é apenas ter cuidado, mas também ser persistentemente cuidadoso. Diligência é persistência. Se você só se examina do jeito que lava roupa (digamos, quartas e sextas), então você não é vigilante. A vigilância não é casual. O crente vigilante nunca tira um dia de folga.


Cuidado e diligência universal: Isso significa um cuidado completo e abrangente. A vigilância não é seletiva. Se você é cauteloso e ponderado em conversas na igreja, mas descuidado com palavras o resto da semana, você não é vigilante. Vigilância universal significa levar todos os comandos e proibições a sério — e fazê-los em todas as circunstâncias e situações.


Exercitando-se: A vigilância não é passiva, mas ativa. Envolve esforço, exaustão, ação e suor santo. A vigilância é o equivalente espiritual às artes marciais mistas ou ao Ultimate Fighting.


“Exercitando-se em e por todos os meios prescritos por Deus”: A vigilância reconhece e se submete à instrução da palavra de Deus. Deus prescreveu maneiras e meios. Ele estabeleceu modos de vida: modos de amor, humildade, justiça, santidade, misericórdia e paz. E deu meios para vivermos desta maneira, o que os teólogos costumam chamar de meios de graça: meditação, oração, adoração e muito mais. Falaremos mais sobre esses meios e sua relação com a vigilância no capítulo 3. Por enquanto, note que a vigilância envolve um uso legítimo de todos os meios que Deus prescreve. Mais uma vez, não há obediência “estilo cafeteria” aqui.


Com respeito a: nossos corações e modos: A expressão “com respeito a” é seguida por três frases. Essas frases mostram com o que devemos ter cuidado. Nós vigiamos “nossos corações e modos”. Isso envolve autoconsciência e autoexame. Como Paulo diz a Timóteo, precisamos vigiar nossa vida e doutrina (1 Tm 4:16).


Com respeito a ... as iscas e métodos de Satanás: Também devemos vigiar o inimigo de nossas almas, com todas as suas estratégias e artimanhas. Lembra-se do aviso de Pedro? “Sede sóbrios e vigilantes. O diabo, vosso adversário, anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para devorar” (1 Pe 5:8). Vigilância, então, significa “cuidado”! Estar atento. Seu inimigo é mais implacável do que um Cavaleiro Negro caçando o Anel do Poder. Ele é mais cruel do que uma cobra furiosa encurralada por um mangusto. Ele nunca sai de férias. Vigie o inimigo porque ele está vigiando você.


Com respeito a... as ocasiões e vantagens do pecado: Isso significa vigiar as circunstâncias e situações que dão ao pecado espaço em nossas vidas. Jesus diz: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação”(Mc 14:38). Paulo escreve: “nada disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Rm 13:14).


No mundo: O mundo aqui não é o planeta Terra. É o sistema mundano caído que vive em rebelião contra Deus. O mundo é aliado (Jo 12:31; 2 Co 4:4). João diz: “o mundo inteiro jaz no Maligno” (1 Jo 5:19). Isaac Watts pergunta: “É este mundo vil um amigo da graça para me ajudar a chegar a Deus?”.[3] A resposta clara é não. O apóstolo Tiago deixa isso claro: “Infiéis, não compreendeis que a amizade do mundo é inimiga de Deus? Aquele, pois, que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4:4).


Para que não sejamos enredados: Esta frase final é uma cláusula de finalidade. A razão pela qual devemos estar vigilantes é para que não sejamos enredados. Ser enredado é ser embaraçado, ludibriado, levado ao erro. O enredamento é o oposto da liberdade. Na superfície, a vigilância pode soar complicada, mas isso é uma mentira. Richard Rogers observa que “a vigilância é considerada muito rigorosa até que as pessoas estejam bem familiarizadas com ela”. Mas “se você é um estranho à vigilância, espere cair com frequência, espere cair perigosamente.... Espere encontrar muitas feridas em sua alma e ter falta de muitos confortos em sua vida”.[4]


Cultivar a vigilância é preservar a liberdade — do mundo e suas armadilhas; do pecado e seu poder escravizante; e das tentações, enganos e acusações de nosso adversário, o diabo.


 

[1] Owen, Of Temptation, em Works, 6:100-101. [2] Arthur Conan Doyle, “A Scandal in Bohemia,” em Great Cases of Sherlock Holmes (Franklin, Pa.: The Franklin Library, 1987), 6. [3] Isaac Watts, “Am I a Soldier of the Cross?” (1721), em domínio público. [4] Rogers, Holy Helps, 43-44, 47


(Esse texto foi extraído do livro "Vigilância: Recuperando a Disciplina Espiritual Perdida" de Brian Hedges. Você pode adquirir o livro aqui.)

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