Por Randall Hekman
Até cerca de cinquenta anos atrás, tínhamos uma bela diversidade no tamanho das famílias nos Estados Unidos. Era comum conhecer famílias sem filhos, outras com um ou dois filhos, e outras ainda com mais de oito, dez ou até doze filhos. A família média tinha cerca de quatro. Em comparação, hoje, as famílias com mais de quatro filhos são cada vez mais raras; a maioria das famílias tem entre um e três filhos, sendo a média nacional atualmente de dois.
Lares com famílias grandes que seguem a Deus estão entre os lugares mais emocionantes do planeta — na minha opinião, muito mais emocionantes que a Disneylândia. Imagine viver perto de dez personalidades diferentes, cada uma possuindo todo o potencial criativo e ideias de uma pessoa criada à imagem de Deus. Imagine ser amado e apreciado (pelo menos parte do tempo) por uma grande variedade de pessoas especiais que você conhecerá nesta vida até que a morte o separe delas. Que benefício incrível para cada pessoa da família!
Onde quer que eu vá para falar sobre esse assunto, sempre há muitas pessoas que esperam para falar comigo depois, porque querem me contar sobre sua maravilhosa experiência de crescer em uma família numerosa. Eles costumam acrescentar como continua sendo divertido reunir-se em momentos especiais com os irmãos. Lembro-me de um jovem contando sobre as grandes famílias de onde seus pais vieram. Ele contou como praticamente todos os membros de ambas as famílias escolheram continuar morando próximos uns dos outros enquanto “estabilizavam suas vidas”. Todos os domingos, depois de irem à igreja, suas respectivas famílias continuavam a se reunir na casa de um irmão ou irmã para uma comunhão maravilhosa. Este jovem lamentou o fato de agora viver demasiado longe dos outros para poder frequentar a estas reuniões semanais. “São os momentos mais agradáveis”, disse ele melancolicamente. Tenho três irmãs maravilhosas e gosto de vê-las duas ou três vezes por ano. Mas nossos doze filhos adoram se conectar diariamente por meio de mensagens de texto, e-mails e chamadas telefônicas, com uma paixão que me surpreende. E quando reunimos toda a família, a alegria que eles expressam é muito além da conta!
Como fomos criados por Deus para nos relacionarmos com outras pessoas, as pessoas — não as coisas, nem as carreiras, nem o dinheiro — deveriam ser a coisa mais importante (abaixo de Deus) para nós nesta vida. Imagino que existam mais de cem relacionamentos individuais diferentes em nossa família de doze crianças e dois adultos. É muito útil que nossos filhos aprendam a se dar bem com todos os outros. Eu não disse que sempre foi fácil — não é. Mas é útil e enriquecedor para cada um.
Ser uma entre uma dúzia de crianças também ajuda cada criança a perceber que, embora tenha habilidades, dons e traços de personalidade únicos, ela não é o centro do universo. Todos devem aprender a equilibrar os seus próprios desejos pelo bem dos outros. Estou aprendendo que existe um “grande sistema familiar” que se desenvolve em famílias grandes e saudáveis à medida que os membros da família se ajustam às demandas tanto dentro como fora da família. É emocionante ouvir as experiências de outras famílias numerosas enquanto elas lutam com questões comuns a todas as grandes famílias.
Na comunidade judaica, é o grupo ortodoxo (aqueles que se apegam aos absolutos das Escrituras) que muitas vezes tem famílias numerosas. Em um artigo muito otimista encontrado na Revista Hadassah, três grandes famílias israelenses são destacadas.[1] Adoro os comentários de Dina Weinberg, que é descrita como uma mãe “atraente, elegante e incrivelmente magra” de doze filhos. Ela diz:
Muitas pessoas estão procurando emoções transcendentais. Eles procuram no mundo um prazer duradouro. Mas para mim o verdadeiro prazer é ter, segurar, criar filhos. Eles são tão puros. Estar em contato com uma criança é uma experiência espiritual [...]. Você sabe, a maior mitsvá é salvar vidas. Quão mais importante é, então, criar uma vida? [...]. [Outras pessoas] esperam que 12 crianças sofram alguma privação — física, emocional ou mental. Em vez disso, eles veem ótimas crianças, sem nenhuma falta no que diz respeito à personalidade e ao desenvolvimento emocional, que estão crescendo em uma atmosfera de tremendo amor, carinho e respeito mútuo [...]. É meu papel ser dona de casa — construir um lar [...]. Em um trabalho normal — seja em um escritório ou em qualquer outro lugar — qualquer um pode fazer o trabalho de outra pessoa. Mas ninguém mais pode ter meu filho, exceto eu. Recebi força e saúde para ter filhos. Cada um tem que fazer o que pode.
Os autores do artigo perguntaram à sra. Weinberg o que ela diz às pessoas que estão tendo dificuldades com apenas dois ou três filhos. Ela ri e ressalta que também já foi mãe de dois e três filhos e sabe como é isso. Mas “isto também passará":
Acho que sou uma mãe melhor hoje do que era quando meus filhos mais velhos eram pequenos. Na verdade, me sinto bastante culpada por isso. O amor, a paciência, a compreensão crescem com cada criança. Você se torna consciente da extensão geral da infância, de causa e efeito, e isso lhe permite reagir às crianças posteriores com muito maior sensibilidade [...]. Acho que estou automaticamente consciente do humor de cada criança. Mesmo no caos matinal de vestir e alimentar todo mundo e ir para a escola, estou registrando que aquele está demorando, e este está um pouco pálido, e outro está com muita pressa — e me perguntando por quê [...]. Lembre-se, não tenho 12 filhos pequenos. Os filhos mais velhos ajudam os mais novos e todos começam a ajudar na casa assim que conseguem. Eles têm que ajudar a si mesmos, uns aos outros e a mim, ou não funcionaria. Além disso, é um treinamento saudável para eles. Uma criança que cresce sabendo dar e receber será uma melhor esposa, marido, pai e cidadão mais tarde.
O artigo também contém comentários semelhantes de duas outras mães, uma com dezenove filhos e a outra com dez. Gostei particularmente da opinião da sra. Hannah Siegel, que olhou para trás, para a época em que tinha apenas dois filhos:
Quando nasceu o segundo [filho], pensei que nunca conseguiria. E foi só depois do quarto que as coisas ficaram mais fáceis. Eu não sei por quê. Talvez eu simplesmente tenha crescido no trabalho, me tornado mais organizada e aprendido a dormir menos.
Como ex-juiz de um tribunal de menores, muitas vezes vi famílias maravilhosas que adotaram um grande número de crianças com deficiências múltiplas e que eram mestiças. Uma dessas notáveis famílias cristãs, Bob e Janet Schout, e seus doze filhos adotivos, vem à mente. Que alegria houve em meu tribunal quando confirmamos sua décima adoção. Janet — ela mesma uma entre doze filhos, mas, pela providência de Deus, fisicamente incapaz de gerar filhos biologicamente — me disse: “Deus quis que algumas crianças fossem removidas de seus pais biológicos para que pudessem ser confiadas aos cuidados de pais adotivos, e assim, alcançar um propósito em suas vidas”.
Em 1990, Marcia e eu tivemos o privilégio de compartilhar o que Deus estava nos ensinando sobre as alegrias de uma grande família com o dr. James Dobson e seu público de rádio na Focus on the Family. Os dois programas que gravamos foram ao ar naquele ano e foram retransmitidos em 1994. Dobson relatou que muitos casais posteriormente lhe escreveram para dizer que haviam mudado suas perspectivas sobre ter mais filhos como resultado dos programas, pelos quais damos toda a glória a Deus.
Muitos anos depois, pouco antes do Natal de 2015, recebemos pelo correio um grande pacote da família Bontrager, residente em Iowa. Embora ainda não os tenhamos conhecido pessoalmente, cada membro da família — composta por pai, mãe e dez filhos — escreveu-nos uma nota manuscrita de gratidão. Aparentemente, muitos anos antes, a mãe desta família, Becky Bontrager, ouviu nosso programa na Focus e ficou convencida de suas perspectivas de ter Cristo como Senhor do tamanho de sua família. Até então, ela e o marido, Marlin, planejavam ter no máximo três filhos. Em suas próprias palavras:
Por causa da entrevista de rádio que você teve com o dr. James Dobson há mais de 20 anos, meu marido e eu desistimos de nossos planos de escolher quantos filhos teríamos. Muitas vezes eu, como mãe de 10 filhos nascidos ao longo de 16 anos, fiquei sobrecarregada e totalmente exausta e até com medo; mas posso testificar que toda vez que invoquei o Senhor, Ele foi minha força e meu cântico [...]. Ele, na verdade, abençoou nossa família abundantemente, acima de todas as coisas [...]. [Tenho] profunda gratidão pela diferença que sua mensagem teve em minha vida. Quero encorajá-lo a continuar a proclamar os caminhos de Deus e a Sua bondade.
O marido, Marlin Bontrager, confessou isso em sua carta para mim:
Percebi que tinha sido muito mais contrário ao aborto que favorável à vida. Sempre quisemos uma família, mas nunca pensamos na bênção de ter Deus provendo para nós e nos direcionando. Como pai, percebo como a sua mensagem mudou totalmente a nossa vida e, através do seu ministério, de muitas outras pessoas também.
Marlin está se referindo ao fato de que sua família agora viaja pelo país como “Os Cantores da Família Bontrager”.
Ao reler recentemente as cartas escritas pelas crianças Bontrager, fui levado às lágrimas. Fiquei impressionado com a alegria que essas crianças preciosas devem trazer ao nosso Pai celestial! E que impacto eles já estão causando no nosso mundo! Ouça as palavras da querida Rebecca Bontrager, a “bebê” da família:
Obrigada por falar sobre a bênção de ter filhos. Sou a mais nova da nossa família de 10 filhos e, sem a sua mensagem, talvez não estivesse aqui. Nossa família tem conseguido incentivar outras famílias a terem mais filhos. Continue incentivando as famílias!
Finalmente, ouça as perspectivas do sétimo filho Taylor:
Muitos pais veem os filhos como um incômodo temporário, em vez de serem aqueles que Deus pode usar para servi-Lo. Se todos os que pudessem fazê-lo recebessem tantos filhos quantos Deus lhes desse e os criassem para amar a Deus e a Sua Palavra, o efeito disso consistiria em milhares de jovens apaixonados por servir a Deus.
(O texto acima foi extraído do livro "12 Não é Demais: Redescobrindo o Senhorio de Cristo sobre o Tamanho das Famílias" de Randall Hekman. Você pode comprar o livro aqui. )
[1] Helen Davis; Carol Grootter, “Easier by the Dozen”, Hadassah Magazine (December, 1982).
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