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Justiça Social e "Woke" na Igreja?

Foto do escritor: Erik ReedErik Reed

Por Erik Reed


Hoje existem várias ideias e filosofias sendo propagadas pela cultura pop, pela mídia e pelas escolas que nós, cristãos, absorvemos e adotamos sem pensar. Muitas vezes, os cristãos são rápidos em confirmar ideias pregadas pela cultura sem nunca discernir as raízes dessas ideias. Não somos equipados para reconhecer conceitos e filosofias que são originadas em ideologias sem Deus.


Palavras como cisgênero, interseccionalidade, heteronormatividade, fragilidade branca, privilégio branco, entre outras entraram no léxico de nossa cultura nos últimos anos, aparentemente do nada. Mas há uma visão de mundo por detrás desses termos. Eles se encontram rio abaixo de uma fonte. A descrição rápida desta maneira de ver o mundo é “woke”.


Quando frequentei a Vanderbilt Divinity School em 2007, essa ideologia impulsionava todas as palestras e leituras obrigatórias. Eu não sabia a origem dessas ideias; eram apenas a maneira padrão de pensar e falar sobre as coisas. Era o ar que se respirava dentro dos corredores e salas de aula daquela instituição. E não demorou muito para perceber como essas coisas estavam fora de sintonia com minhas próprias convicções.


Logo deixei Vanderbilt para buscar minha educação teológica em outro lugar. Mas não muito tempo depois disso, sabia que algo estranho estava acontecendo quando comecei a ouvir ideias e linguagem semelhantes vindos da boca dos líderes evangélicos para os quais havia fugido quando saí de Vanderbilt. Pessoas que eu antes considerava como vozes confiáveis começaram a soar como meus antigos professores e colegas de classe.


A filosofia por baixo de muitas dessas ideias que estão sendo popularizadas hoje é a Teoria Crítica. Esses conceitos viveram isolados em instituições de ensino superior por décadas, raramente extravasando para fora desses círculos. Mas por volta de 2015, após a morte a tiros de Michael Brown, essas ideias explodiram na grande mídia.


O que havia existido sem ser detectado dentro das universidades por anos finalmente veio à tona. Todos os cantos da sociedade começaram a falar a mesma mensagem. Inúmeros políticos, atletas, músicos, atores e ativistas de repente tocavam a mesma partitura musical. E quando começaram a cantar as mesmas notas, a mídia aumentou o volume tão alto que todos tiveram que ouvir. As ideias originadas na Teoria Crítica infectaram a consciência dos Estados Unidos.


O Que é Teoria Crítica?

A Teoria Crítica tem suas origens em Frankfurt, Alemanha, na Universidade Goethe, fundada em 1923 com o objetivo de desenvolver estudos marxistas. Quando os nazistas chegaram ao poder, eles forçaram a escola a fechar em 1933 e ela se mudou para a Universidade de Columbia, em Nova York. Observe novamente que seu propósito era promover estudos marxistas. O Marx em “estudos marxistas” é Karl Marx, o filósofo alemão que deu origem aos fundamentos filosóficos do comunismo. A Teoria Crítica, uma abordagem da análise social, funciona como uma visão de mundo abrangente. Hoje, há muitos ramos de estudo sob o título geral da Teoria Crítica: Teoria Crítica da Raça (TCR), Feminismo, questões LGBTQ, Teoria Pós-Colonial, Pós-Modernismo e estudos culturais.


Muitos contestam os perigos da Teoria Crítica, particularmente a Teoria Crítica da Raça, porque afirmam que é apenas uma teoria de direito. Não é incorreto dizer que a TCR tem suas raízes em uma teoria de direito. A TCR se desenvolveu nas décadas de 1970 e 1980 porque estudiosos jurídicos, advogados e ativistas acreditavam que os avanços do Movimento dos Direitos Civis dos anos 1960 haviam cessado. O foco tornou-se desafiar as estratégias jurídicas convencionais como incapazes de fornecer justiça social e econômica para as minorias. Um princípio básico da TCR é que o racismo está incorporado na sociedade e afeta, não apenas uma disposição individual ou poucos degenerados, mas tudo. Os defensores da TCR não acreditam que a lei possa corrigir o problema, porque a lei faz parte de um sistema que foi projetado para perpetuar a opressão das minorias.


As pessoas que insistem que a TCR é “apenas uma teoria de direito” estão sendo ingênuas ou enganosas. Sim, começou como uma teoria de direito, mas suas pressuposições básicas se espalharam muito além do domínio da lei. Não é mais apenas uma discussão jurídica; ela se transformou em uma visão de mundo abrangente. E as premissas estabelecidas pela TCR agora se alojaram nas mentes e consciências de muitos.


É por essa razão que isso importa: uma vez que as premissas são aceitas, elas rapidamente saem da arena da lei e tocam em todo o resto. O racismo permeia não apenas o sistema legal, mas todos os sistemas. As minorias têm justiça legal negada porque foram negadas o poder. Tudo agora é uma luta por poder. Ele torna-se a medida da justiça e da igualdade. A ideia era muito insidiosa para permanecer em sua gaiola. E não permaneceu. Uma vez que a soltamos, ela devorou tudo.


No momento em que você adota a abordagem de enxergar tudo através da lente do poder: cada indivíduo se torna oprimido ou opressor. E isso não se baseia nas ações, opiniões, crenças ou comportamentos reais de qualquer pessoa — apenas em sua raça. Mas a própria Teoria Crítica vai ainda mais longe ao rotular todos de acordo com sua raça, classe, gênero, sexualidade e até religião. A opressão acontece quando grupos dominantes impõem suas normas e valores aos outros. Isso é o que a interseccionalidade (uma ramificação da Teoria Crítica) nos ensina a acreditar. Uma mulher é ranqueada acima de um homem na matriz de interseccionalidade; no entanto, uma mulher cristã heterossexual branca é rapidamente superada por um homem que é negro, homossexual e não-cristão. Por quê? Porque ele tem mais distintivos minoritários e de opressão para reivindicar do que ela. Ela agora é uma opressora. É assim que este jogo funciona.


Grandes Problemas

Espero que você perceba por que essa ideologia é tão perigosa. Vai contra os ensinamentos das Escrituras. De fato, de acordo com essa ideologia, o cristianismo é uma religião “opressora”. O Islã é uma religião minoritária, por isso ranqueia mais alto no gráfico de interseccionalidade.


Neste esquema, a verdade não é objetiva, e as ideias não são testadas por seus próprios méritos. Em vez disso, depende de quem está fazendo a afirmação. Isso que determina sua veracidade. A Teoria Crítica rejeita as alegações sobre “verdade absoluta” como tentativas veladas de preservar o poder e o privilégio do opressor. Essa tática convenientemente permite que os críticos da Teoria Crítica sejam ignorados. Afinal, grupos privilegiados estão cegos por seu privilégio, tornando suas reivindicações inválidas. Esta é uma maneira inteligente de silenciar qualquer um que não ranqueie alto o bastante no gráfico de interseccionalidade. Grupos oprimidos têm acesso à verdade através de sua experiência vivida como pessoas oprimidas. Essa experiência e perspectiva supera todas as outras evidências da verdade.


O perigo nesta discussão é que muitas das mesmas palavras e conceitos que os cristãos afirmam (justiça, antirracismo, igualdade) também são usados por aqueles que promovem a Teoria Crítica. Se não tomarmos cuidado, podemos pensar que estamos falando das mesmas coisas, enraizadas nas mesmas fundações. Mas não estamos. E é fácil compreender como tantos cristãos bem intencionados foram sugados por essa ideologia.


Esse pensamento não vai ir embora. Não é novo; já existe há algum tempo. Mas está se tornando cada vez mais popular. E agora se espalhou para a cultura pop, o sistema educacional e a mídia. Até os cristãos professos estão acreditando nisso. Na verdade, está se tornando mais difícil para os cristãos falarem contra essas ideias e conceitos sem serem rotulados de “fundamentalistas”. Esta acusação desmerece as críticas oferecidas contra esses conceitos como se fossem o medo de um bicho-papão inexistente.


Mas esse bicho-papão é real.

Eles catequizam essas ideias na cultura através da música, filmes, shows, mídias sociais, educação e esportes. Além de você ser chamado de fundamentalista, falar contra isso ou negar sua verdade também pode te render rótulos como: racista, misógino, transfóbico ou homofóbico.


Recentemente, “Chrissy” Stroop, uma mulher trans (homem biológico), repreendeu a professora da Universidade Baylor, Beth Allison Barr, no Twitter. Barr estava tentando ser uma “aliada” em meio a uma discussão com o endosso de Stroop de um livro controverso, que afirmava que evangélicos brancos corromperam o cristianismo. Mas como Barr sugeriu que as pessoas deveriam ser legais com as outras, mesmo que discordassem de sua “escolha de vida”, Stroop rebateu com uma resposta feroz de que aqueles que discordavam eram preconceituosos.[1] Mesmo discordâncias respeitosas não irão te proteger de xingamentos e repreensões. Ser um aliado requer afirmação de garganta cheia ou então você é um inimigo — apenas um fanático.


Ainda assim, não são poucos os evangélicos professos que tentaram a todo custo ganhar aceitação e aprovação dessas vozes progressistas extremas. Eu chamo esses evangélicos de progressistas-elite. Essas pessoas afirmam ter uma ética sexual bíblica, mas nunca falam sobre isso e se recusam a criticar os danos da revolução LGBTQ+ (por exemplo, Beth Allison Barr se desculpou com “Chrissy” Stroop e depois apagou seus tweets).


Esses crentes professos raramente criticam expressões não-bíblicas de gênero ou casamento, mas criticam abertamente a menor perversão da visão complementarista. Muitas dessas pessoas se declaram politicamente neutras, mas raramente criticam políticas e posições liberais prejudiciais, enquanto regularmente se distanciam de visões políticas conservadoras. Alguns propagaram falsidades da mídia sobre os conservadores, até mesmo disseminando desinformação em nome de “amar o próximo”.[2]


Esses evangélicos progressistas engoliram grande parte do arcabouço e das lentes da Teoria Crítica. Eles ainda confessam crenças doutrinárias ortodoxas, mas parecem usar uma matriz diferente para a forma como vivem. Professam uma coisa e vivem outra.

Lembre-se das palavras de Paulo para a igreja em Colossos:


Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo — Colossenses 2:8

Devemos prestar atenção e cuidar para que ninguém nos leve cativos através de filosofias vãs e enganos vazios. Por que isso requer atenção cuidadosa? Porque todos nós somos propensos a isso. Mas não podemos deixar que essas ideias nos levem em cativeiro.


Em combate, exércitos levam os prisioneiros da guerra como um despojo. Isso é o que acontece quando nos conformamos com a cultura. Somos levados como um despojo ganho pelo mundo. As filosofias do mundo estão sendo pregadas ao nosso redor. Estão por toda parte. Como saberemos quando estamos lidando com tais ideias? Devemos nos treinar para reconhecer ideias e ideologias que são conforme o mundo e não são de Cristo. Devemos testar se essas coisas estão alinhadas com as Escrituras. Se puder resumir o ponto de Paulo, ele diz: não seja sugado para dentro das formas de pensar e viver que se originam de homens e demônios caídos em vez de se basear na Palavra e nos caminhos de Cristo.


Fique em alerta. Lute contra a deriva.


 

[1] Stroop, Chrissy [@c_stroop]. (2022, 24 de fevereiro). Quero dizer, as pessoas que discordam da minha “escolha de vida” pela transição são preconceituosas. Ponto final. Para muitas, muitas pessoas trans, a outra opção é o suicídio. O ser queer não é uma escolha [Tweet]. Twitter. twitter.com/c_stroop/status/ 1496884781912510465?s=21 [2] https://www.dailywire.com/news/how-the-federal-government-usedevangelical-leaders-to-spread-covid-propaganda-to-churches

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