Por Joel Beeke e Brian Cosby
O fato de Deus ser justo pode ser entendido de duas maneiras relacionadas. Primeiro, a justiça é uma virtude de Deus, pois Ele é um Senhor equitativo. A barra moral desse atributo é a Sua retidão.
Deus é justo porque tem perfeita integridade de caráter moral e virtude justa.
O pecado, portanto, não pode ser tolerado ou ficar impune sob Seu governo soberano. Considere Romanos 1.32: “Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem”.
A segunda maneira de entendermos a justiça de Deus é a forma como Ele expressa Seu caráter justo – enquanto recompensa ou punição. Como declara o salmista: “És rei poderoso que ama a justiça; tu firmas a equidade, executas o juízo e a justiça em Jacó” (Sl 99.4). Ou considere o ensinamento de Paulo em Romanos 2.6, que Deus “retribuirá a cada um segundo o seu procedimento”.
Em vista do Deus que recompensa os obedientes, a recompensa não se baseia em mérito estrito, mas de acordo com as promessas de Sua graça e acordo. É por isso que Isaías chama nossa justiça de “trapos de imundície” (Is 64.6). Deus é um Recompensador porque Ele é o Deus que é fiel às Suas próprias promessas e nos reveste com Sua justiça pela fé (cf. Gn 15.6; Is 61.10; Fp 3.9). Em vista do Deus que pune o pecado, Sua justiça é uma expressão da ira divina. Essa característica é vista em lugares como 2 Tessalonicenses 1.8, onde se fala de Jesus “tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus”. Louis Berkhof explica: “O propósito principal da punição do pecado é a manutenção do direito e da justiça”.
A justiça de Deus deve evocar um sentimento de medo e pavor para os perdidos e um sentimento de gratidão para os salvos. Como crentes, podemos nos consolar com o fato de que “Deus não nos destinou para a ira, mas para alcançar a salvação mediante nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.9).
Então, como uma pessoa é considerada “correta” perante Deus? Você é considerado justo e “inocente” perante Deus por acreditar que Jesus viveu uma vida perfeita por você e morreu para pagar a penalidade por seus pecados. Essa transação entre o cristão e Cristo foi “tendo em vista a manifestação da justiça [de Deus] no tempo presente, para ele mesmo ser justo e o justificador daquele que tem fé em Jesus” (Rm 3.26).
A justiça é o mérito conquistado pela perfeita obediência a Deus.
Não somos perfeitos nem obedientes, portanto, não somos justos. Mas Jesus obedeceu perfeitamente a toda a lei de Deus por nós que cremos. Jesus cumpriu por nós tudo o que Deus exigiu de nós na lei. Consequentemente, como um crente, esse registro perfeito de Cristo é transferido para a sua conta e Deus o declara “justo” porque você está unido ao Seu Filho justo. Paulo escreve: “Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por nós; para que, nele, fôssemos feitos justiça de Deus” (2Co 5.21). Essa transação foi tanto uma expressão do amor e da graça divinos quanto um meio eficaz pelo qual Ele satisfez Sua justiça divina.
Uma palavra final precisa ser dita sobre a justiça de Deus em restaurar os quebrantados, os marginalizados, os pobres, os órfãos e as viúvas. Deus está empenhado em cuidar dos marginalizados e dos quebrantados, mantendo-os como parte central do chamado “serviço de misericórdia” de Seu povo. A Palavra de Deus está repleta de exortações e ordens para buscar misericórdia e justiça para os oprimidos. Veja algumas delas:
Que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o estrangeiro, dando-lhe pão e vestes. (Dt 10.18)
Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão, pleiteai a causa das viúvas. (Is 1.17) Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o Senhor pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus. (Mq 6.8)
Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho e tendes negligenciado os preceitos mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fé. (Mt 23.23)
A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo. (Tg 1.27)
A justiça de Deus, portanto, faz parte do caráter de Deus. É uma expressão de recompensa pela retidão e punição pelo pecado, e é um desejo de ver equidade entre Seu povo.
Que sua meditação sobre a justiça de Deus se traduza em uma ação orientada pelo evangelho para expressar a misericórdia e a justiça Dele no mundo destruído ao seu redor.
(O texto acima foi extraído do livro "Sem Igual: 31 Meditações no Caráter e Atributos de Deus" de Joel Beeke e Brian Cosby. Você pode comprar o livro aqui.
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