Por Sarah Ivill
A prisão da comparação não é nova. As Escrituras contêm relatos de mulheres piedosas que lutaram contra a tentação de cobiçar e fazer comparações. Vamos revisitar os relatos de algumas mulheres que já lemos neste livro.
A luta de Sara contra a esterilidade deve ter sido intensamente difícil e dolorosa, pois ter filhos era o que definia a importância e o bom sucesso de uma mulher. Algumas de vocês sabem o quanto isso é doloroso. A história deixa claro que Sara não estava satisfeita com sua situação. Por fim, ela decidiu resolver o problema com as próprias mãos e deu sua serva, Agar, ao marido para que ele pudesse ter um filho com ela. Quando Agar engravidou, ela passou a desprezar Sara e, assim que Sara percebeu isso, tratou Agar com aspereza (Gn 16.1-6).
Este relato deixa claro que tomar as coisas em nossas mãos a fim de alcançar o objetivo desejado não resulta em satisfação.
A linha da história continua em Gálatas 4.21-31 e mostra que algo muito maior do que Sara poderia imaginar que ocorreria aqui. Deus estava trazendo o Prometido, Jesus Cristo, ao mundo por meio dos descendentes de Sara.
O segredo da satisfação não se encontra em garantir nossos planos à nossa maneira, mas na submissão aos planos soberanos de Deus — que Ele realiza à Sua maneira.
A manhã em que Lia acordou e descobriu que Jacó estava zangado porque seu pai o havia enganado para que se casasse com ela deve ter sido um pesadelo. Lia provavelmente ouvira os elogios das pessoas sobre a beleza de Raquel ao longo de toda a sua vida. Sabemos que ela lutou contra o fato de não se sentir amada por Jacó por causa dos nomes que deu a seus filhos. Ela imaginava poder conquistar o amor do marido ao lhe dar descendentes.
À medida que a história avança, ficamos sabendo que essas duas irmãs estavam em uma prisão de comparações.
Observe o que estava no coração de Raquel: “Vendo Raquel que não dava filhos a Jacó, teve ciúmes de sua irmã e disse a Jacó: Dá-me filhos, senão morrerei” (Gn 30.1). Jacó ficou furioso com a ameaça de Raquel, lembrando-a de que era o Senhor, e não ele, que não lhe permitira ter filhos. Assim, Raquel deu sua serva a seu marido para que ela pudesse ter filhos, e sua serva deu a Jacó dois filhos. Raquel revela seu coração mais uma vez depois de sua serva dar à luz o segundo filho: “Com grandes lutas tenho competido com minha irmã e logrei prevalecer” (v. 8). Para não f icar para trás, Lia deu a Jacó sua serva, que deu à luz mais filhos.
Um dia, o filho primogênito de Lia, Rúben, encontrou mandrágoras no campo e as levou para sua mãe. Quando Raquel as viu, pediu a Lia que lhe desse algumas. Do fundo do coração, Lia respondeu: “Achas pouco o me teres levado o marido? Tomarás também as mandrágoras de meu filho?” (Gn 30.15). Assim, Raquel deixou Lia dormir com Jacó por uma noite em troca das mandrágoras de Rúben. Naquela noite, Lia concebeu outro filho.
Percebe o que está acontecendo aqui? Cada mulher tinha o que a outra queria.
De uma forma ou de outra, elas acreditavam na mentira: “se eu tivesse o que “fulana” tem, eu estaria mais satisfeita, seria mais importante e bem-sucedida do que sou agora. Lia queria a beleza e o status de Raquel aos olhos de Jacó; ela queria que Jacó a amasse como ele amava Raquel, e Raquel queria a fertilidade de Lia.
A história de Ana e Penina em 1 Samuel 1 contém algumas semelhanças com a de Lia e Raquel. As duas mulheres eram casadas com o mesmo homem. Mas Ana era estéril, enquanto Penina dera ao marido filhos e filhas. O marido de Ana a amava e se preocupava muito com ela. Era-lhe difícil entender o profundo desejo de Ana de gerar um filho. Na opinião dele, ela deveria considerá-lo melhor que dez filhos! Penina tentou tornar a vida de Ana miserável: “A sua rival a provocava excessivamente para a irritar, porquanto o Senhor lhe havia cerrado a madre” (v. 6). Isso continuou durante vários anos. Em uma ocasião, quando Ana se encontrava no templo, ela estava “com amargura de alma, orou ao Senhor, e chorou abundantemente” (v. 10).
Ana levou seu profundo desejo ao Senhor em oração e, quando o Senhor a abençoou com um filho — a quem deu o nome de Samuel —, ela o entregou a serviço do Senhor.
Como pessoas unidas a Cristo e com o poder de Seu Espírito em nós, podemos levar nossos desejos profundos ao Senhor, abrindo o coração a Ele e aceitando Seu plano para nossa vida com a plena certeza de que nosso Pai celestial sempre sabe e faz o que é melhor para Suas filhas.
(O texto acima foi extraído do livro "Nunca o Bastante: Confrontando Mentiras sobre Aparência e Sucesso com a Esperança do Evangelho" de Sarah Ivill. Você pode comprar o livro aqui.
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