Por Sinclair B. Ferguson
Ao longo da história, as pessoas reconheceram o poder das ideias. Desde o início da igreja cristã, os apóstolos reconheceram o poder das ideias escritas e disseminadas na forma de literatura.
Em nossa era fortemente visual, nos tornamos menos conscientes disso. Mas pegue uma edição antiga de um livro cristão, que lhe diz o número de cópias dele em impressão. Os números provavelmente vão surpreendê-lo. Pois nossos antepassados cristãos perceberam que a imprensa era um instrumento poderoso para ensinar e difundir o evangelho cristão.
No passado, o povo de Deus fez amplo uso da palavra impressa. No entanto, poucos cristãos ocidentais pensam que há alguma importância espiritual na pergunta: "Você lê bons livros?" Seria errado exagerar o significado da pergunta. Alguns de nós, por natureza e educação, são leitores ávidos. Teríamos o sido mesmo que nunca tivéssemos nos tornado cristãos. Outros encontram pouco prazer em qualquer tipo de livro. No entanto, a questão indica quão seriamente levamos o desafio bíblico para crescer em conhecimento e entendimento. Isso revela o quanto achamos importante desenvolver uma mente biblicamente instruída.
LIVROS E A SAÚDE DA IGREJA
Se reclamarmos ao nosso médico com relação a uma letargia geral, ele pode muito bem nos perguntar sobre nossa dieta e nosso apetite: Estamos obtendo proteína suficiente? Comemos frutas suficientes? Há fibra o suficiente na dieta? Está balanceada? Em certa medida, nossa "entrada" e nossa "saída" estão intimamente relacionadas. O mesmo se aplica à "entrada" e à "saída" na vida cristã.
A história cristã, biografias e a experiência pessoal nos mostram que os cristãos que lêem tendem a ser cristãos mais fortes do que de outra forma teriam sido. O uso de livros tem sido uma das marcas da vitalidade espiritual e da saúde da igreja cristã. Na verdade, o que descobrimos em muitas biografias é que aqueles que foram os maiores ativistas cristãos também foram os mais prolíficos produtores e leitores de literatura cristã.
No início de seu ministério, Martinho Lutero, o Reformador, tinha pouco tempo para a literatura cristã. Como outros desde então, ele tendia a considerar a literatura cristã como antagônica ao espírito do evangelho. O evangelho, disse ele, é sobre a palavra pregada e nós devemos pregar. No entanto, esse mesmo Martinho Lutero (por mais incrível que pareça) foi responsável por um terço de todos os livros publicados na língua alemã na primeira metade do século dezesseis! Em todas as estantes da Alemanha, um em cada três livros era provavelmente de autoria de Lutero!
Por que isso? Lutero viu que, escrevendo, poderia espalhar a mensagem do evangelho e a alegria da Reforma; por meio da leitura, pessoas cristãs cresceriam em graça e a igreja de Jesus Cristo seria construída e fortalecida.
Pense nas biografias que você leu. Não é verdade que a maioria dos cristãos muito usados por Deus eram homens e mulheres que sempre usavam, em um sentido ou outro, material impresso? Assim, nos propósitos de Deus, o uso da literatura cristã tem sido um sinal de vitalidade no povo de Deus.
Há muitas razões para isso. Uma delas é que a fé cristã é uma fé da mente. A fé não é uma atividade irracional; envolve entender o evangelho. Não que seja exigido um QI alto para ser cristão, mas a renovação da mente (Rm 12:1-2) é essencial para a transformação de sua vida.
VOCÊ É O QUE VOCÊ LÊ!
Muitas vezes ouvimos o slogan: "Você é o que você come". A maioria dos cristãos se tornam o que lêem. Isso é verdade principalmente quando estudamos a Palavra de Deus. Mas também é verdade em relação à leitura de livros que lançarão luz sobre a Palavra de Deus; livros que vão sondar nossas consciências a partir da Palavra de Deus, e vão nos desafiar a uma nova obediência a ela.
A fé cristã envolve conhecer a Deus. Em sua própria natureza, é uma fé que está relacionada à leitura, compreensão e obediência à Palavra de Deus. É inevitável que os cristãos ativos tenham sido frequentemente leitores prolíficos, e frequentemente prolíficos escritores.Pense em John Knox como um exemplo. Ele era, certamente, um dos grandes ativistas da igreja cristã, e ainda assim ele viu o tremendo significado de colocar suas ideias em impressão para que elas pudessem ser espalhadas.
Pense em Richard Baxter de Kidderminster, que escreveu mais livros do que muitos cristãos teriam espaço suficiente para contê-los na estante - e tudo porque ele reconheceu o quanto Deus é capaz de fazer através da literatura que seu povo escreve e divulga.
Pense em John Owen, ou George Whitefield; pense em John Wesley e sua visão de produzir uma biblioteca básica de grandes clássicos cristãos para que todos os cristãos lessem; pense em Robert Murray M'Cheyne, ou os irmãos Bonar. Pense, também, nos cristãos mais velhos com quem você aprendeu muito - temos ilustrações em todos os lugares que olhamos, de homens que têm sido conscientes da necessidade de espalhar a Palavra de Deus por meio da página impressa.
(Esse trecho foi extraído do livro "Você Lê Bons Livros?: A Relação da Leitura e a Vida Cristã" de Sinclair B. Ferguson. )
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