Por Richard Ganz
Jesus disse: “Não se preocupem com o dia de amanhã”, mas a maioria dos cristãos obviamente não presta atenção Nele. Eles gastam mais energia no ontem ou amanhã que no presente. O conceito de “presente” é algo ilusório. Contudo, acima de todas as pessoas, o cristão deveria viver na realidade presente. Tivemos o passado perdoado e temos o futuro garantido. O presente é a realidade em que vivemos. Não podemos refazer o ontem nem viver o amanhã. Na verdade, o presente é tudo que temos, mas muitos falham em abraçá-lo com entusiasmo. Infelizmente, as pessoas desperdiçam o presente com lamentos inúteis sobre o passado. Elas o desperdiçam se preocupando com o futuro.
É claro que uma vida orientada para o presente sem Deus no âmago degenerará em uma entronização hedonista e idólatra do presente. Como cristãos, nosso desfrute do presente tem que ver com a plenitude de possibilidades da prestação de um serviço rico e significativo para Deus. Podemos nos livrar das derrotas de uma vida inteira. Podemos ultrapassar um milhão de obstáculos apresentados pelo futuro. O hoje está vivo com possibilidades tanto para o desfrute quanto para o serviço de Deus.
É possível ao cristão viver no presente sem cair no hedonismo se ele se lembrar da resposta à primeira pergunta do Breve Catecismo de Westminster: “Qual é o fim principal do homem?” A resposta é: “O objetivo principal do homem é glorificar a Deus e desfrutá-lo para sempre”. Esse é o objetivo final do cristão. Abraçar esta meta elimina como objetivo final a obtenção de saúde, riqueza ou felicidade e indica a disposição de sacrificar tudo pelo Senhor. Na verdade, a alegria do Senhor surge quando nos libertamos da dependência da saúde, riqueza ou felicidade. Quando a pessoa está bem com Deus, isso traz um contentamento real que nada pode tirar. Ela sabe que seu Redentor vive e descansa na nova vida concedida por Ele. Assim, passa a vida servindo a Deus e aos outros, e não participando de jogos políticos para obter certas vantagens para si. Não pensando em uma grande recompensa: ela concentra-se no Senhor.
Abraçar esse objetivo é crucial para a vida cristã. A maioria dos que se sentem enredados em hábitos inquebráveis não têm orientação para nada além do momento presente e da necessidade de alívio de tudo que os pressiona. Esses indivíduos precisam desesperadamente de uma orientação espiritual ou futura, que a Bíblia lhes dá.
Mas há uma tensão para o cristão. A nossa cidadania está no céu, mas somos chamados a viver a vida em um determinado lugar e em um determinado momento da história. O cristão deve andar no Espírito enquanto vive em um corpo de carne no presente. Tudo lutará contra o sucesso na manutenção de uma orientação espiritual. Algo sempre precisa ser corrigido do passado. Sempre resta algo a ser feito para o futuro. Sempre há algo para atrapalhar o agora. No entanto, existe uma maneira melhor.
Por que passar a vida lutando contra um passado opressivo e um futuro aterrorizante? Por que não usar ambos para ajudá-lo a glorificar a Deus agora mesmo? Podemos olhar para o passado e aprender. Possuímos a visão resultante de uma vida inteira de lutas e alegrias, fracassos e vitórias, que pode nos ajudar a viver no presente e a planejar com discernimento e confiança para o futuro. Não somos existencialistas que viajam através de uma situação sem sentido, de um passado sem sentido, a caminho de um futuro indiferente. Em vez disso, reconhecemos que a vida é um desafio repleto de possibilidades profundas. Reconhecemos a importância das batalhas, percebendo que o resultado tem um significado genuíno no decorrer do tempo e da história. Reconhecemos que a vida é uma dádiva graciosa de Deus e que o futuro está em Suas mãos. Ver a vida desta perspectiva estimula uma determinação piedosa de servi-Lo todos os dias de nossa vida.
A determinação é vital para a tentativa bem-sucedida de viver de forma produtiva e repleta de alegria. Deus nos concedeu a capacidade de determinar grande parte do curso da vida (sob a perspectiva humana). A capacidade de viver hoje para Deus requer determinação. Jesus deixa isso claro: “Se alguém quer vir após mim...”. A palavra traduzida do grego “querer” na verdade significa mais do que determinação. É a resolução, decisão ou escolha mais firme possível. É um esforço religioso rigoroso, que neste caso tomará um novo rumo para seguir a Cristo. O discípulo de Cristo nega a si mesmo, toma diariamente sua cruz e segue Jesus (Lc 9.23).
Em uma passagem paralela em Mateus, Jesus diz que esta determinação deve ser tão forte que todo apego terreno, incluindo o dos pais, seja colocado sob ela. Esta é a força da vontade. Jesus diz: “Quem ama o seu pai ou a sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama o seu filho ou a sua filha mais do que a mim não é digno de mim e quem não toma a sua cruz e vem após mim não é digno de mim” (Mt 10.37,38). Possuímos o poder de viver cada dia plenamente porque possuímos o poder, dado por Deus, de escolher e determinar o que receberá nossa atenção, afeição e preocupação. Pela operação da nossa vontade, Deus avança o Seu Reino, trazendo-nos, o Seu povo, em conformidade com Cristo.
(O texto acima foi extraído do livro "Psicobaboseira: O Fracasso da Psicologia Moderna e a Alternativa Bíblica" de Richard Ganz. Você pode comprar o livro aqui. )
Comments