Por Anthony Forsyth
Deus, que tem toda a autoridade, pode delegar, e de fato delega, essa autoridade a outros, mas quando o faz, essa autoridade permanece Sua. Ele não a doa. Não muda de titularidade.
Ele não se despoja de autoridade. Ainda é Dele, mas alguém foi delegado para exercer uma parte de Sua autoridade em Seu nome.
Um exemplo claro disso é visto quando Jesus envia Seus discípulos. Sua autoridade é mostrada quando Ele chama aqueles que Ele quer, e eles vêm (Mc 3:13). Depois de chamá-los, ele os envia com autoridade para expulsar demônios, como Ele mesmo havia feito (Mc 6:7). Eles não foram permitidos ou capazes de expulsar demônios antes disso – não havia nada em si mesmos que lhes dessem a autoridade ou a capacidade de fazê-lo. Note que Judas estava entre eles (e ele nem mesmo foi salvo)! Portanto, nem o poder nem a autoridade foram concedidos com base na fé – foi simplesmente o que Jesus escolheu fazer. Eles receberam tanto a permissão quanto o poder para fazê-lo por Aquele que tem todo o poder e autoridade (Jd 25). Eles tinham esse papel, não por causa de qualquer autoridade própria, mas porque ela era delegada a eles por Aquele que a detinha completamente.
Outro exemplo de autoridade delegada é apresentado em Isaías 10, onde Deus usa a Assíria para punir o pecado e a idolatria de Israel. Ele descreve a Assíria como “cetro da minha ira! A vara em sua mão é o instrumento do meu furor” (Is 10:5). Em outras palavras, Deus, que tem autoridade para punir Israel, escolhe fazê-lo por meio de autoridade delegada - até mesmo por meio de uma nação gentia incrédula! Assim, parece que a delegação de autoridade a Judas não era sem precedentes. De fato, muitas vezes no Antigo Testamento, Deus usa nações estrangeiras para disciplinar e julgar Israel. Nabucodonosor, muito antes de sua humilhação e reconhecimento da autoridade de Deus, é chamado de servo de Deus e autoridade delegada para invadir e destruir Jerusalém (Jr 25:9).
Nas Escrituras, a delegação da autoridade de Deus começa já em Gênesis 1:28, quando o homem recebe o domínio sobre a terra. A terra não se torna do homem no sentido em que o homem pode dizer a Deus: “Eu estou no comando e farei o que quiser”. A terra continua sendo de Deus. Ele a fez e tem toda a autoridade sobre ela. Mas Ele delegou um pouco de Sua autoridade para o homem.
O homem recebe domínio sobre a terra, não em lugar de Deus, mas em nome de Deus.
A AUTORIDADE DELEGADA CONTINUA SENDO DELE
Uma analogia simples desse tipo de delegação é o aluguel de um carro. Quando aluga um carro, você dirige, mas se você se envolver em um acidente, é responsável por isso. Por quê? Porque o carro não é seu – você simplesmente o estava usando. Seria sua responsabilidade reparar qualquer dano e devolver o carro nas mesmas condições em que o recebeu. Assim é com a autoridade delegada: ela continua sendo a autoridade de Deus mesmo se e quando nos é delegada. Somos responsáveis pelo uso correto e obediente dessa autoridade delegada.
Eu sou marido e pai – recebi autoridade delegada em minha casa. Sou pastor e tenho autoridade delegada na igreja. Mas essas são autoridades delegadas, e não minhas. Estou exercitando a autoridade de Deus como Seu servo, e sou responsável por isso. Essa autoridade delegada não deve levar à arrogância, auto-importância ou a um reinado tirânico, mas deve resultar em temor e humildade, constantemente ciente de quem estou representando. Isso deveria ter sido verdade para Judas, a Assíria e Nabucodonosor – deveria ser verdade tanto para os líderes seculares quanto para os crentes, embora raramente seja o caso na prática.
(O texto acima foi extraído do livro "César e a Igreja" de Anthony Forsyth. Você pode comprar o livro aqui.
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